Boas Festas! (atrasadas)
- jacmoreira2001
- 18 de jan.
- 4 min de leitura
Na minha família sempre se celebrou muito o Natal. Como tenho pais separados desde criança, o Natal sempre começou mais cedo e acabou mais tarde do que o normal por termos de dividir almoços, jantares, lanches de Natal pelas famílias. Como já deu para perceber, sou muito ligada a toda a minha família, pelo que cada momento de reunião familiar - seja no Natal, férias da Páscoa, férias de verão, aniversários, etc.- para mim é motivo de excitação. O Natal, mais especificamente, sempre foi significado de alegria e amor. Lembro-me de, em criança, o meu avô António se mascarar de Pai Natal e distribuir os presentes à meia noite. Ficava doida de entusiasmo, era o ponto alto da noite! Há uma magia associada a esta época que, apesar de se ter tornado banal, repetitiva e até um pouco comercial, não deixa de existir e de ser especial. Esta coisa de haver uma época específica do ano em que é suposto estarmos felizes e sermos todos amigos pode parecer um pouco forçada e colocar um pouco de pressão e expectativas elevadas. Para mim nunca foi. A magia do Natal sempre me foi transmitida de forma natural e agora com o fator fé Cristã à mistura ainda a sinto mais.
Este ano, passei um Natal diferente, longe da minha família de Portugal, mas bem perto da minha família de São Tomé. Estava com receio de que me custasse muito. Posso avançar já que não custou tanto assim. Claro que senti saudades, mas o espírito natalício esteve bem presente e a experiência de amor familiar também.
Noite de Natal:
Aqui em São Tomé não se costuma celebrar a véspera de Natal. É uma noite como as outras para a maioria dos Santomenses. Então, passei a véspera de Natal com os meus amigos portugueses daqui. Tivemos uma ceia muito bonita em casa da Clarisse, que decorou a casa ao detalhe, até fez uma árvore de Natal com fotografias de todos os presentes! (ilustrada abaixo). Eu tentei replicar o bacalhau com natas perfeito divinal da minha mãe e de 0 a igual ao bacalhau de Susana Maria, estava um sólido 8. Na mesa havia uma mistura de cozinhados portugueses e santomenses, todos deliciosos. Cozinhámos, jantámos, jogámos, trocámos presentes, ouvimos música. Foi muito bom. Foi uma noite Santa. O meu outfit: pude finalmente usar um vestido de verão para a ceia de Natal - encarnado, custou 40 dobras (1,60€) no fardo - e sandálias. Foi estranho passar a noite de Natal a abanar um leque e a transpirar de calor mas, tal como tudo o que se estranha, depois “se entranha”.
Dia de Natal:
Convidaram-nos para passar este dia no quintal de uma vizinha (escrevo vizinha para salvaguardar o anonimato das pessoas em questão, mas na verdade o nome “vizinha” parece muito impessoal, estas pessoas são muito mais que nossas vizinhas, são nossas amigas, são o nosso dia-a-dia, são praticamente família) junto da sua família e de outras da Vila. Tive convites de mais de uma família, pelo que passei o dia a ir de casa em casa, a conviver com estes nossos amigos.O almoço foi guisado de grão e de feijão. A mesa tinha mais e diferentes prato, mas para ser honesta não me recordo bem de quais eram. O que me recordo bem e nunca me vou esquecer é da festa que se fez à volta daquela mesa. Todos sem exceção com um copito a mais, muito alegres, muita dança, muita cantoria, muito amor.
Em comparação, o Natal em São Tomé é mais quente, tem uma alegria diferente, tem menos troca de presentes, menos consumismo, menos comida e mais bebida. Mas tem o mesmo sentido de família e a mesma quantidade de amor, que no fundo são os dois grandes significados do Natal.
A PDA:
Se há coisa de que estas pessoas não se fartam é de festa. E lá isso eles são muito bons a fazer. Aqui há a tradição de pintar o cabelo de vermelho para a passagem de ano-rapazes e raparigas. Nós usamos cuecas azuis, aqui usam cabelo vermelho. Passei o ano ao lado dos meus Santomenses favoritos. Foi uma grande festa com direito a fogo de artifício e, claro, muita dança. Não bebi um pingo de álcool.
Dia 1:
Acordar no dia 1 de janeiro no centro do mundo é algo de que nunca me vou esquecer! Abaixo está uma fotografia que tirei às 5h30 da manhã no dia 1 quando fui comprar pão. Tirei esta fotografia com o meu telemóvel, mas também tirei uma fotografia mental, para ficar bem guardada no cartão de memória do meu cérebro para mais tarde recordar. Este tem espaço ilimitado gratuito :) Os Santomenes não têm o hábito de fazer praia, exceto no início do ano. Na primeira semana do ano, as familias levam comida em panelas para a praia mais próxima e passam o dia todo na praia. Dizem que esta tradição serve para lavar as impurezas que trazemos do ano anterior. As crianças passam o tempo todo na água a brincar com bóias e outros brinquedos e só saem para ir comer junto das suas famílias. As praias ficam cheias de gente, há muita música e agitação. Fui acompanhar alguns filhos de vizinhos à praia e estive o tempo todo no meio das crianças, a sentir-me e comportar-me como uma. Fiz todas as brincadeiras aquáticas que me lembrei dos tempos em que brincava ao H2O com as minhas primas. Até pinos e cambalhotas eu dei. A vergonha ficou em casa neste dia. E aparentemente a dignidade também....






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